Infecções
por novo coronavírus se espalham mais rápido, mas matam menos que Sars e H1N1
Passageiros do voo da Air China, vindo de Beijing, desembarcam no aerporto Internacional de Guarulhos, usando mascara de proteção devido ao vírus Coronavírus, nesta quinta feira (30) — Foto: Fepesil/Estadão Conteúdo
Sars levou à morte 916 pessoas
entre 2002 e 2003. Coronavírus causou a morte de 213 na China até a manhã desta
sexta. Já o vírus influenza H1N1 matou 796 somente no Brasil em 2019.
Por Elida Oliveira, G1
Os casos de infecção por coronavírus,
conhecido por 2019-nCoV, estão se espalhando mais rápido, mas matam menos do
que a Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARs-CoV, que causou um surto na China
entre 2002 e 2003, e do que o H1N1, vírus que levou a uma pandemia em 2009 e
que continua fazendo vítimas.
Desde o primeiro alerta de
coronavírus, em 31 de dezembro, até esta sexta-feira (31), o
coronavírus já havia matado 213 pessoas na China e infectado
9.720 – taxa estimada de letalidade de 2,19%, segundo autoridades chinesas.
Isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, 2 morrem. Os dados são
estimados porque o número total de infecções ainda é desconhecido.
Já a Sars
levou à morte 916 pessoas e contaminou 8.422 durante toda a epidemia
(2002 a 2003). A taxa de letalidade é de 10,87%. Isso representa quase 11
mortes a cada 100 doentes. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS).
As duas infecções são causadas por
vírus da família "coronavírus", e recebem este nome porque têm
formato de coroa.
Se comparados a outro vírus que causa
doença respiratória, como o H1N1, o número de pessoas que morrem é maior do que
o registrado pelo coronavírus. Em
2019, somente no Brasil, 796 pessoas morreram com H1N1 e 3.430 foram
infectados. Ou seja, a gripe matou 23,2% dos pacientes internados no Brasil com
sintomas, ou 23 a cada 100 doentes.
No Brasil, os riscos de infecção e morte por coronavírus são
ainda menores – são 9 casos suspeitos, todos com sintomas leves, que
estão sendo investigados por precaução. Não há nenhuma morte registrada no
país.
Situação do coronavírus até a
manhã desta sexta-feira (31)
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213 mortes na China
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9.720 casos suspeitos na China
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Outros 20 países têm mais de 100 pacientes infectados
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Reino Unido confirmou o primeiro caso de coronavírus
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9 casos suspeitos no Brasil até 7h de sexta (31)
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Testes da vacina devem começar em junho
Nesta quinta-feira
(30), a OMS declarou emergência de saúde pública internacional para o coronavírus –
não pelo que ocorre na China, mas pelo avanço da doença em outros países. Até a
manhã desta sexta, há registros de coronavírus em 20 países, além da China.
Todas as mortes, no entanto, ocorreram em território chinês.
De acordo com a OMS, a maioria dos
infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe,
e cerca de 20% progride para doenças mais graves, como pneumonia e
insuficiência respiratória.
H1N1: maior
letalidade, menor apelo
A gripe provocada
por H1N1 chegou a causar mais de 2 mil mortes no Brasil, segundo Bellei, ano em
que houve o pico da doença e a OMS declarou pandemia. Ela destaca que, ainda
hoje, o vírus continua a infectar pessoas durante o inverno.
De acordo com o Ministério da Saúde, somente em 2019 houve 3.430 casos de H1N1
no país e 796 pessoas morreram – letalidade de 23,2%. Os números são
semelhantes ao ano anterior, 2018, quando houve 3.880 casos e 917 mortes –
letalidade de 23,63% – e muito maiores, se comparados aos dados do coronavírus.
"Todo ano morre bastante gente por
H1N1 no país, uma doença que é conhecida, tem controle, mas ainda tem gente que
não quer tomar vacina", afirma Bellei.
Coronavírus no
Brasil
Bellei afirma que o
momento é de vigilância no Brasil. O mais recente balanço do Ministério da
Saúde sobre coronavírus no Brasil apontou que há suspeita de 9 casos da doença.
Eles estão em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (2), São
Paulo (3), Paraná (1) e Ceará (1).
"O que a OMS fez foi um alerta.
Isso significa que os países devem intensificar a vigilância e o isolamento [de
pacientes com sintomas suspeitos]'. Não é uma pandemia", afirma. Pandemia
é o termo para doenças infecciosas que se espalham entre continentes e têm
transmissões internas, sem que os pacientes tenham viajado. "Não significa
que todo mundo vai morrer", afirma Bellei.
Para Bellei, os casos suspeitos de
coronavírus na China podem ter, em parte, pacientes com gripe. Ela afirma isso
porque, entre os seis casos suspeitos descartados no Brasil, havia
pacientes que estiveram na China, apresentaram sintomas respiratórios, foram
submetidos a análises e os exames indicaram influenza, o que mostra que o vírus
da gripe está circulando na China neste período de inverno no hemisfério norte.
"Muitos destes pacientes suspeitos
da China podem estar com gripe ou virose, e não coronavírus. Com o tempo, a taxa
de letalidade pode até cair e muitos casos serem descartados", estima.
Máscaras
O uso de máscaras é
recomendado para profissionais de saúde, pacientes com suspeita de ter
coronavírus e familiares e cuidadores que têm contato com esses enfermos,
afirma Bellei.
Mas, segundo ela, não é necessário que todos tenham "uma máscara no
bolso".
"Em um ambiente externo,
dificilmente você terá uma infecção. O ar está circulando, as gotículas com o
vírus vão eventualmente ressecar. Neste momento, todo mundo ter uma máscara no
bolso não adianta", afirma.
Recomendações
Os especialistas
recomendam a “etiqueta respiratória” para evitar a transmissão: cobrir a boca
com a manga da roupa ou braço em caso de tosses e espirros e sempre lavar as
mãos.
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) recomenda que os serviços de saúde adotem protocolos de
prevenção antes, durante e depois da chegada do paciente, com desinfecção e
ventilação de ambientes.
Para quem trabalha em pontos de entrada
no país, como aeroportos e fronteiras, é recomendado o uso de máscaras
cirúrgicas.
Caso haja algum caso suspeito em
aviões, navios e outros meios de transporte, é recomendado usar máscara
cirúrgica, avental, óculos de proteção e luvas. A inspeção de bagagens deve ser
feita com máscara cirúrgica e luvas.