21 janeiro 2020

CONGRESSO APROVA RENÚNCIA DE MORALES

Após dois meses, Congresso boliviano aprova renúncia de Morales

Após dois meses, Congresso boliviano aprova renúncia de Morales
Morales participa de entrevista coletiva em Buenos Aires - AFP
O Congresso da Bolívia, em meio a uma sessão pública confusa promovida por adversários políticos, aprovou nesta terça-feira (21) a renúncia de Evo Morales à Presidência, mais de dois meses após o ex-dirigente apresentar uma carta com esse pedido e partir para o exílio.
A Assembleia Legislativa, ainda controlada pelo partido Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), votou a carta assinada por Morales em 10 de novembro.
Os parlamentares do MAS aceitaram as renúncias de Morales e do vice-presidente Alvaro García, que o acompanhou para exílio, primeiro no México e depois na Argentina, onde estão desde 12 de dezembro.
Morales, que assumiu o governo em 2006, renunciou em meio a uma forte revolta social contra o resultado das eleições gerais de 10 de outubro, nas quais foi reeleito para um quarto mandato e cujo resultado foi declarado nulo após um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar irregularidades na apuração.
“Na Assembleia Legislativa, aceitamos a renúncia dos nossos companheiros Evo Morales e Alvaro García. Estamos cumprindo a Constituição que diz que aqueles que rejeitam ou aceitam a renúncia são os deputados e senadores”, declarou à imprensa o congressista Henry Cabrera, influente líder do MAS.
O legislador considerou necessário cumprir a parte formal da lei, embora em 12 de novembro a senadora de direita Jeanine Áñez tenha assumido interinamente a presidência do país, num ato reconhecido pelo Tribunal Constitucional, que determinou que seu mandato vai até a formação de um novo governo após as eleições de maio.
Morales, de 60 anos, declarou várias vezes que, enquanto o Parlamento não aprovava sua renúncia, ele continuava a exercer a presidência, uma opinião não apoiada pelo oposição.
A sessão pública teve momentos de caos e confusão que surgiram quando opositores de Morales defenderam que o ex-presidente tinha abandonado o cargo e não renunciado, já que tinha viajado para o México sem deixar substituto imediato.
Shirley Franco, deputada do Partido Democrata, disse que “em 12 de novembro a sucessão constitucional foi realizada, devido à ausência definitiva do ex-presidente, que assumiu o status de asilado, depois de deixar o território”.