Dilma traiu quem a elegeu em
2014, diz Lula a jornal espanhol Em plena campanha para voltar ao
Planalto em 2018, o ex-presidente
Em
plena campanha para voltar ao Planalto em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
tentou explicar, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, as razões
do colapso econômico brasileiro. Para ele, o rompimento da confiança no Brasil
começou com as manifestações de 2013 e se agravou em 2015, quando sua
sucessora, Dilma Rousseff (PT),
“anunciou o ajuste fiscal e traiu o eleitorado que
a elegeu em 2014 com a promessa de manutenção dos gastos”.
Este
teria sido o segundo principal erro do governo petista. O maior, avalia Lula,
foi “exagerar nas políticas de desoneração das grandes empresas”. “O Estado
deixou de arrecadar para devolver aos empresários e em 2014 saía mais dinheiro
do entrava”, apontou.
Na
entrevista, o ex-presidente foi questionado se estava arrependido de não ter
disputado o pleito de 2014 no lugar de Dilma. Lula diz que não é “o tipo de
pessoa que se arrepende”, mas que foi “leal” à democracia e a Dilma, e que
reconhecia o direito que ela tinha de ser reeleita. “Mas eu pensei nisso muitas
vezes e sei que ela também”, afirmou.
Ainda na sua argumentação sobre a perda de
credibilidade brasileira, o petista comparou o penúltimo ano de sua sucessora
com 1999, primeiro ano do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Disse que a diferença principal não estava no governo, mas na Câmara. Enquanto
FHC teve a seu lado o presidente da Casa, o hoje presidente da República Michel Temer (PMDB),
Dilma Rousseff contou com a opoisção de Eduardo Cunha(PMDB-RJ).
Lula
disse ainda que se candidata à Presidência aos 72 anos “porque há muita gente
que sabe governar, mas não há ninguém que saiba cuidar do povo mais
necessitado” como ele. “Conheço suas entranhas, como vivem, o que necessitam”,
avaliou. Sobre a hipótese de ser condenado em segunda instância e ficar de fora
das eleições, afirma que “ninguém é imprescindível” e que existem “milhares de
Lulas”.
Política externa
O
ex-presidente brasileiro respondeu a algumas questões relacionadas a política
mundial. Questionado se estava mais próximo do “populismo latino-americano” ou
da “social-democracia europeia”, disse respeitar a segunda, mas considerou que,
no Brasil, “nós construímos o Estado a nossa maneira, nem melhor, nem pior”. E
questionou a definição de populismo: “O que é ser populista? É falar a língua
do povo e defendê-lo?”.
O
petista negou que dê “apoio incondicional” ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mas defendeu a posição de que os
habitantes do país devem resolver a crise política “entre eles”, sem
“ingerência externa”. Lula, que já foi chamado de “o cara” pelo ex-presidente
dos Estados Unidos Barack Obama, disse que preferia não analisar pessoas a ser
questionado sobre Donald Trump. No entanto, não se conteve em afirmar
que “não é possível governar o mundo pelo Twitter”.
Ele ainda comentou a
crise vivida pela Espanha durante a movimentação do governo da Catalunha por independência. O ex-presidente
disse “entender que o nacionalismo catalão tem uma história antiga”, e admitiu
que prefere “uma Espanha unida”. O petista também recomendou ao rei Felipe VI
que não tome partido e que o papel do monarca deveria ser “o de um mediador”.