31 janeiro 2020

Infecções por novo coronavírus se espalham

Infecções por novo coronavírus se espalham mais rápido, mas matam menos que Sars e H1N1

Passageiros do voo da Air China, vindo de Beijing, desembarcam no aerporto Internacional de Guarulhos, usando mascara de proteção devido ao vírus Coronavírus, nesta quinta feira (30) — Foto: Fepesil/Estadão Conteúdo

Passageiros do voo da Air China, vindo de Beijing, desembarcam no aerporto Internacional de Guarulhos, usando mascara de proteção devido ao vírus Coronavírus, nesta quinta feira (30) — Foto: Fepesil/Estadão Conteúdo 

Sars levou à morte 916 pessoas entre 2002 e 2003. Coronavírus causou a morte de 213 na China até a manhã desta sexta. Já o vírus influenza H1N1 matou 796 somente no Brasil em 2019.

Por Elida Oliveira, G1
Os casos de infecção por coronavírus, conhecido por 2019-nCoV, estão se espalhando mais rápido, mas matam menos do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARs-CoV, que causou um surto na China entre 2002 e 2003, e do que o H1N1, vírus que levou a uma pandemia em 2009 e que continua fazendo vítimas.
Desde o primeiro alerta de coronavírus, em 31 de dezembro, até esta sexta-feira (31), o coronavírus já havia matado 213 pessoas na China e infectado 9.720 – taxa estimada de letalidade de 2,19%, segundo autoridades chinesas. Isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, 2 morrem. Os dados são estimados porque o número total de infecções ainda é desconhecido.
Já a Sars levou à morte 916 pessoas e contaminou 8.422 durante toda a epidemia (2002 a 2003). A taxa de letalidade é de 10,87%. Isso representa quase 11 mortes a cada 100 doentes. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS).
As duas infecções são causadas por vírus da família "coronavírus", e recebem este nome porque têm formato de coroa.
Se comparados a outro vírus que causa doença respiratória, como o H1N1, o número de pessoas que morrem é maior do que o registrado pelo coronavírus. Em 2019, somente no Brasil, 796 pessoas morreram com H1N1 e 3.430 foram infectados. Ou seja, a gripe matou 23,2% dos pacientes internados no Brasil com sintomas, ou 23 a cada 100 doentes.
Infográfico compara os registros de coronavírus, Sars e H1N1. — Foto: Rodrigo Sanches/G1

No Brasil, os riscos de infecção e morte por coronavírus são ainda menores – são 9 casos suspeitos, todos com sintomas leves, que estão sendo investigados por precaução. Não há nenhuma morte registrada no país.
Situação do coronavírus até a manhã desta sexta-feira (31)
·         213 mortes na China
·         9.720 casos suspeitos na China
·         Outros 20 países têm mais de 100 pacientes infectados
·         Reino Unido confirmou o primeiro caso de coronavírus
·         9 casos suspeitos no Brasil até 7h de sexta (31)
·         Testes da vacina devem começar em junho
Nesta quinta-feira (30), a OMS declarou emergência de saúde pública internacional para o coronavírus – não pelo que ocorre na China, mas pelo avanço da doença em outros países. Até a manhã desta sexta, há registros de coronavírus em 20 países, além da China. Todas as mortes, no entanto, ocorreram em território chinês.
De acordo com a OMS, a maioria dos infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe, e cerca de 20% progride para doenças mais graves, como pneumonia e insuficiência respiratória.

H1N1: maior letalidade, menor apelo

A gripe provocada por H1N1 chegou a causar mais de 2 mil mortes no Brasil, segundo Bellei, ano em que houve o pico da doença e a OMS declarou pandemia. Ela destaca que, ainda hoje, o vírus continua a infectar pessoas durante o inverno.

De acordo com o Ministério da Saúde, somente em 2019 houve 3.430 casos de H1N1 no país e 796 pessoas morreram – letalidade de 23,2%. Os números são semelhantes ao ano anterior, 2018, quando houve 3.880 casos e 917 mortes – letalidade de 23,63% – e muito maiores, se comparados aos dados do coronavírus.
"Todo ano morre bastante gente por H1N1 no país, uma doença que é conhecida, tem controle, mas ainda tem gente que não quer tomar vacina", afirma Bellei.

Coronavírus no Brasil

Bellei afirma que o momento é de vigilância no Brasil. O mais recente balanço do Ministério da Saúde sobre coronavírus no Brasil apontou que há suspeita de 9 casos da doença. Eles estão em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (2), São Paulo (3), Paraná (1) e Ceará (1).
"O que a OMS fez foi um alerta. Isso significa que os países devem intensificar a vigilância e o isolamento [de pacientes com sintomas suspeitos]'. Não é uma pandemia", afirma. Pandemia é o termo para doenças infecciosas que se espalham entre continentes e têm transmissões internas, sem que os pacientes tenham viajado. "Não significa que todo mundo vai morrer", afirma Bellei.
Para Bellei, os casos suspeitos de coronavírus na China podem ter, em parte, pacientes com gripe. Ela afirma isso porque, entre os seis casos suspeitos descartados no Brasil, havia pacientes que estiveram na China, apresentaram sintomas respiratórios, foram submetidos a análises e os exames indicaram influenza, o que mostra que o vírus da gripe está circulando na China neste período de inverno no hemisfério norte.
"Muitos destes pacientes suspeitos da China podem estar com gripe ou virose, e não coronavírus. Com o tempo, a taxa de letalidade pode até cair e muitos casos serem descartados", estima.

Máscaras

O uso de máscaras é recomendado para profissionais de saúde, pacientes com suspeita de ter coronavírus e familiares e cuidadores que têm contato com esses enfermos, afirma Bellei.

Mas, segundo ela, não é necessário que todos tenham "uma máscara no bolso".
"Em um ambiente externo, dificilmente você terá uma infecção. O ar está circulando, as gotículas com o vírus vão eventualmente ressecar. Neste momento, todo mundo ter uma máscara no bolso não adianta", afirma.

Recomendações

Os especialistas recomendam a “etiqueta respiratória” para evitar a transmissão: cobrir a boca com a manga da roupa ou braço em caso de tosses e espirros e sempre lavar as mãos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que os serviços de saúde adotem protocolos de prevenção antes, durante e depois da chegada do paciente, com desinfecção e ventilação de ambientes.
Para quem trabalha em pontos de entrada no país, como aeroportos e fronteiras, é recomendado o uso de máscaras cirúrgicas.
Caso haja algum caso suspeito em aviões, navios e outros meios de transporte, é recomendado usar máscara cirúrgica, avental, óculos de proteção e luvas. A inspeção de bagagens deve ser feita com máscara cirúrgica e luvas.


Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1

Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1

O QUE É CORONAVÍRUS

CORONAVÍRUS
coronavírusOs coronavírus (CoV) são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderada, semelhantes a um resfriado comum. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem. Os coronavírus comuns que infectam humanos são alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Alguns coronavírus podem causar síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave que ficou conhecida pela sigla SARS da síndrome em inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome”. SARS é causada pelo coronavírus associado à SARS (SARS-CoV), sendo os primeiros relatos na China em 2002. O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América do Sul, Europa e Asia, infectando mais de 8.000 pessoas e causando entorno de 800 mortes, antes da epidemia global de SARS ser controlada em 2003. Desde 2004, nenhum caso de SARS tem sido relatado mundialmente.

Em 2012, foi isolado outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS no começo da década passada. Esse novo coronavírus era desconhecido como agente de doença humana até sua identificação, inicialmente na Arábia Saudita e, posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na Europa e na África. Todos os casos identificados fora da Península Arábica tinham histórico de viagem ou contato recente com viajantes procedentes de países do Oriente Médio – Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Jordânia.

Pela localização dos casos, a doença passou a ser designada como síndrome respiratória do Oriente Médio, cuja sigla é MERS, do inglês “Middle East Respiratory Syndrome” e o novo vírus nomeado coronavírus associado à MERS (MERS-CoV).

Manifestações Clínicas

Os coronavírus humanos comuns causam infecções respiratórias brandas a moderadas de curta duração. Os sintomas podem envolver coriza, tosse, dor de garganta e febre. Esses vírus algumas vezes podem causar infecção das vias respiratórias inferiores, como pneumonia. Esse quadro é mais comum em pessoas com doenças cardiopulmonares, com sistema imunológico comprometido ou em idosos.
O MERS-CoV, assim como o SARS-CoV, causam infecções graves. Para maiores informações sobre as manifestações clínicas do MERS-CoV, acesse a página sobre MERS-CoV.

Período de incubação

De 2 a 14 dias

Período de Transmissibilidade

De uma forma geral, a transmissão viral ocorre apenas enquanto persistirem os sintomas É possível a transmissão viral após a resolução dos sintomas, mas a duração do período de transmissibilidade é desconhecido para o SARS-CoV e o MERS-CoV. Durante o período de incubação e casos assintomáticos não são contagiosos.

Transmissão inter-humana

Todos os coronavírus são transmitidos de pessoa a pessoa, incluindo os SARS-CoV, porém sem transmissão sustentada. Com relação ao MERS-CoV, existem a OMS considera que há atualmente evidência bem documentada de transmissão de pessoa a pessoa, porém sem evidencias de que ocorra transmissão sustentada.

Modo de Transmissão


De uma forma geral, a principal forma de transmissão dos coronavírus se dá por contato próximo* de pessoa a pessoa.

* Definição de contato próximo: 
Qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde ou membro da família; que tenha tido contato físico com o paciente; tenha permanecido no mesmo local que o paciente doente (ex.: morado junto ou visitado).
Fonte de infecção

A maioria dos coronavírus geralmente infectam apenas uma espécie animal ou, pelo menos um pequeno número de espécies proximamente relacionadas. Porém, alguns coronavírus, como o SARS-CoV podem infectar pessoas e animais. O reservatório animal para o SARS-CoV é incerto, mas parece estar relacionado com morcegos. Também  existe a probabilidade de haver um reservatório animal para o  MERS-CoV que foi isolado de camelos e de morcegos.

29 janeiro 2020

PIPOCA PROVOCA INFECÇÃO DE DENTE EM BOMBEIRO

Bombeiro opera coração após pedaço de pipoca preso ao dente causar infecção


Adam Martin  teve uma infecção sanguínea por causa de uma pipoca no dente - Reprodução/Cornwalllive

Adam Martin teve uma infecção sanguínea por causa de uma pipoca no dente

















Do UOL, em São Paulo
Um bombeiro ficou perto da morte e precisou passar por uma cirurgia no coração por causa de uma pipoca entalada entre seus dentes. O caso aconteceu em Cornwall, no Reino Unido, e foi relato pelo site Cornwalllive.
Adam Martin, 41 anos, teve uma infecção grave chamada endocardite depois de usar diversos materiais para tentar tirar um pedaço de pipoca que estava preso em seus dentes, entre eles uma tampa de caneta, um prego e um fio de cobre.

MULHER FAZ CIRURGIA DE EMERGÊNCIA PARA VIBRADOR NA BEXIGA

Mulher é submetida a cirurgia de emergência após vibrador parar na bexiga
Reprodução/YouTube
Imagem: Reprodução/YouTube

Do UOL, em São Paulo

Uma norte-americana precisou ser levada para uma cirurgia de emergência depois que um vibrador ficou emperrado em sua bexiga.
De acordo com o site Women's Health, a mulher estava usando o brinquedo, que tinha aproximadamente 9 centímetros, enquanto jantava com o namorado — durante uma brincadeira sexual - e mal percebeu quando o objeto entrou em seu corpo.

28 janeiro 2020

Vice-governador Carlos Brandão se reúne com grupo de oposição de São Roberto

Vice-governador Carlos Brandão se reúne com grupo de oposição de São Roberto


Dr. Jerry, Carlos Brandão e Dr. Vando

Integrantes do grupo político de oposição de São Roberto do Maranhão foram recebidos nesta manhã de terça-feira (28) pelo vice-governador Carlos Brandão. Na pauta, assuntos referentes às eleições deste ano. Na reunião ficou acertado que Dr. Jerry será candidato a prefeito de São Roberto pelo Partido Republicano.

O Partido Republicano, que tem o número 10, é a mesma sigla de Brandão, confirmando que o vice-governador vai apoiar a oposição de São Roberto nas eleições de outubro. Dr. Vando foi designado como presidente da Comissão Provisório do partido em São Roberto.
Em conversa com o blog do Carlinhos ele falou do motivo que o levou ao rompimento da parceria com o atual prefeito.

Dr. Vando acredita que Mundim negociou a prefeitura com Jecivaldo Costa (pai do prefeito de Barra do Corda), e que será candidato a prefeito do grupo da situação. Ele confirma que rompeu por não não apoiar esse projeto dele.

E mais em frente, Vando afirma que o prefeito Mundinho não será candidato a reeleição em decorrência da alta rejeição.

“Mundim perdeu as condições de reeleição: não tem apoio político, só tem um vereador, e não tem o apoio da população, com a rejeição acima de 50%”, declarou.
 

Participaram do encontro com o vice-governador Carlos Brandão, o ex-prefeito Dr. Jerry; o advogado Dr. Vando; os vereadores, Erisvan, Eduardo Sousa, Lindalva, Antônio Oliveira, Tonho da Dorinha, Elson Filho e o pré-candidato a vereador, Zé Neto.

A política de São Roberto começa a ganha forma.

27 janeiro 2020

As melhores dicas naturais para a saúde da sua visão

As melhores dicas naturais para a saúde da sua visão

Jornal do BrasilWILSON RONDÓ JUNIOR, 


Problemas com a visão têm aumentado de forma alarmante. Mas, por quê? Um ponto importante é que não se está obtendo os nutrientes certos nos alimentos. É claro que as pessoas com doenças oculares devem ser acompanhadas de perto pelos seus médicos. Também recomendo a supervisão médica para os que estão tomando suplementos vitamínicos. Agora, vejam os problemas oculares mais comuns e os alimentos e suplementos que ajudam a combatê-los!
Olhos Secos
A síndrome de olhos secos frequentemente ocorre devido às deficiências nutricionais, que permitem que radicais livres prejudiciais se acumulem nas glândulas lacrimais. Os estudos indicam que é benéfico, nesses casos, o consumo de ômega 3. É uma fonte excelente de DHA (ácido docosaexaenoico) e das vitaminas A e D, nutrientes que melhoram a qualidade das lágrimas e ajuda-as a serem mais eficazes na lubrificação.
Catarata
Mais da metade das pessoas terão catarata até os 80 anos de idade. O que fazer: coma espinafre (com moderação, pois em excesso induz cálculo renal), couve e outras folhas verdes escuras todo dia. Elas contêm luteína, um antioxidante que reduz danos por radicais livres. A luteína e a zeaxantina são os únicos carotenoides presentes nas lentes dos olhos. Lembre-se que os carotenoides são solúveis em gordura. Então, adicione um pouco de gordura boa (óleo de oliva ou de coco). Recomenda-se ingerir ainda vitamina C, pois estudos mostram ajuda na prevenção da catarata.
Síndrome de Visão de Computador
Pesquisas relatam que 88% das pessoas que trabalham ao computador por mais de 3 horas por dia se queixam de visão embaçada ou seca. Segundo estudos, o uso de astaxantina, um carotenoide, reduz o estresse dos olhos, melhorando a resistência dos músculos oculares. Outra dica: movimente-se a cada ½ hora, importante para a visão e saúde geral.
Visão Noturna Reduzida
Um estudo mostrou que um suplemento diário com cobre e zinco é importante, pois a deficiência de zinco é associada com a má visão noturna. O zinco auxilia na produção de vitamina A, necessária à retina para detectar a luz. Com relação à alimentação, coma várias porções de verduras de cores vivas, como a couve e pimentões amarelos, ou gemas de ovos.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMA)
Principal causa da cegueira em adultos mais idosos. Um estudo feito nos Estados Unidos relatou que os pacientes que já portavam a degeneração macular e ingeriam betacaroteno, zinco, cobre e as vitaminas C e E adequadamente eram 25% menos propensos a desenvolverem uma forma avançada da doença.
Nesse caso, a dica é também consumir vegetais folhosos semanalmente, outras verduras de cores vivas e gemas de ovos, que podem auxiliar no retardo da progressão da DMA. Mas, atenção! Antes de qualquer medida, converse com o seu médico a respeito. Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
•What You Must Know About Food and Supplements for Optimal ­Vision Care: Ocular Nutrition Handbook. Jeffrey R. Anshel
•British Journal of Clinical Practice, November 1990; 44(11):475-476
•Nutrition Reviews, July 1990;40(7):286-287
•Journal of Nutritional Medicine, 1990;1:133-138
•Drug Therapy, February 1990; 102
•Journal of the American College of Nutrition, 1993;12(2):138-146.
•Archives of Ophthalmology, February 1994;112:222-227
•British Journal of Ophthalmology, 1995;79:199-201.22111
•Journal of Orthomolecular Medicine, 1998;13(4):211-214
•IntOphthalmolClin, Fall. 2000;40(4):71-81
•Int J Opthalmol, 2013 Dec 18; 6(6): 811-6

Filha de vítima de Brumadinho doa indenização para igreja

Filha de vítima de Brumadinho doa indenização para igreja


Jornal do Brasil  
A última imagem que Flávia Aparecida Barbosa Coelho, 33, tem do pai são seus restos mortais num saco de lixo preto.
Aos 62, Olavo Henrique Coelho era o funcionário mais antigo da Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O técnico de infraestrutura trabalhava no local havia 40 anos.
"Você vê o pai sair de casa e depois fica na memória um saco preto. A gente não sabe nem o que tinha dentro", afirma Flávia.
Como seguir em frente diante desse trauma é pergunta comum aos familiares e amigos das 270 pessoas que morreram há um ano, no rompimento da Barragem 1.
Flávia buscou a religião para se sustentar e foi durante uma missa, na Igreja Matriz de São Sebastião, o padroeiro da cidade, que lhe veio a ideia de doar parte da indenização para terminar a construção de outra igreja, a de São Francisco de Assis.
"A ideia é que a população de Brumadinho, que está passando pelo que eu estou passando, consiga se reerguer e não cair em depressão com esse cenário de guerra. Um dos lugares que as pessoas podem buscar para ter essa força é na casa de Deus, um lugar acolhedor", afirma.
A igreja que estava sem acabamento, de cor cinza com o reboco aparente, ganhou revestimento, pintura amarela e telhado. Antes, a chuva que se acumulava na laje provocava goteira durante a missa e gerava preocupação com aumento da dengue.
A obra estava parada havia cinco anos. Pelo ritmo normal de arrecadação, seriam necessários mais sete anos para que fosse concluída.
Flávia não quer revelar quanto doou para a igreja, mas diz que o fez no mesmo dia em que recebeu a indenização da Vale pela morte do pai, em setembro.
A doação deu conta de finalizar toda a parte externa. Já o interior não está completo: só tem uma mão de tinta branca, altar simples, bancos antigos e cadeiras de plástico; falta o piso, que está no concreto. Para concluir o restante, a comunidade vende pastéis às segundas-feiras.
Flávia afirma que a doação foi espontânea --não houve pedido da igreja pela verba. Pelo contrário, a comunidade paroquial custou a acreditar que era verdade.
"Eles acharam que podia ser uma fraqueza emocional. Tivemos mais de sete reuniões conversando pra ver se era aquilo mesmo que eu queria, eles me explicando que o valor seria alto", conta Flávia.
Até agora, ela não tinha aparecido para a comunidade da igreja como a doadora. Os fiéis sabiam o milagre, mas não o santo. "Pra mim foi normal doar, porque nunca me faltou nada, Jesus deu pra gente tudo. Não é nem como se fosse uma devolução, porque o que a gente tem é muito mais do que estamos fazendo aqui. Eu acho até muito pouco essa doação", diz.
Os planos de Flávia para reerguer a cidade vão além da obra da igreja. Ela quer aproveitar a estrutura das paróquias de Brumadinho para organizar encontros, atividades e visitas em que as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem possam conversar e trocar as dores.
"Fazer um trabalho para reconstruir Brumadinho, não ficar nessa luta, não ficar questionando Vale, porque a gente já participou das audiências para que se faça a justiça, mas o que a gente busca é reconstruir a nossa cidade. Não mudar daqui jamais. Ajudar as pessoas que estão à base de remédio depressivo", afirma.
Apesar do foco em tocar a vida, Flávia ainda sente o peso da tragédia e se revolta com a Vale, que era sua segunda casa. Ela nasceu e viveu na Mina do Córrego do Feijão até os 14 anos.
Sua família morava na Ferteco, a vila dos funcionários da mina, bem ao pé da barragem, que foi reformada para ser a sede administrativa da mineradora. Centenas de funcionários morreram ali, nos escritórios e no restaurante.
Além do pai, ela perdeu três primos e diversos conhecidos. O irmão escapou por pouco: seu turno acabava às 10h30, duas horas antes do rompimento. A própria Flávia, que é técnica em segurança do trabalho, era funcionária da Vale até dois anos atrás, quando passou a trabalhar na prefeitura para ficar mais perto das filhas, que têm 9 e 4 anos.
"Eu que nasci e cresci ali não consigo identificar nenhuma estrada mais, está totalmente devastado. A minha mente sabe que eles ficaram lá, a gente vai lá, sabe que aconteceu, mas parece um filme, uma história de terror, porque não tem como compreender", diz ela.
"A empresa resolveu deixar a morte chegar pra eles. Pra ela era menos custoso pagar a indenização do que parar essa mina de dinheiro. Por conta dessa ganância, eles foram deixados à morte igual animal no abatedouro", completa.
Na família de Flávia, era sabido que a barragem iria estourar a qualquer momento. "Meu pai falava muito pra tirar o povo de lá, mas chegava de cabeça baixa em casa, porque eles respondiam que ele não tinha capacidade nenhuma pra falar nada sobre barragem, porque ele não tinha estudo."
"A parte superior da empresa acalmava os funcionários: 'não é assim do jeito que vocês estão pensando, a gente tem engenheiros, estamos acompanhando'. Foi todo mundo enganado", desabafa Flávia.
Seu pai e seu irmão, em 2018, chegaram a ser buscados em casa de madrugada para tampar vazamento da barragem com sacos de areia.
"Ele falava que preferia ir e tentar ser ouvido do que largar e ver a segunda família dele embaixo daquela lama", diz Flávia. Para ela, hoje seu pai estaria morto de qualquer forma. Caso não estivesse na mina às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019, já teria morrido de desgosto pelo que aconteceu. (Carolina Linhares/FolhaPressSNG)

LULA CITA NAZISMO AO ATACAR A GLOBO

Lula cita nazismo ao atacar Globo e defende algumas críticas de Bolsonaro à imprensa

Jornal do Brasil  
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) citou o nazismo ao falar sobre o tratamento jornalístico dado pela TV Globo às mensagens da Lava Jato obtidas pelo site The Intercept Brasil. Para ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) faz algumas críticas à emissora que são corretas.
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Ex-presidente Lula (Foto: REUTERS/Bruno Kelly)












As declarações foram dadas em entrevista ao site UOL.
Questionado sobre os ataques de Bolsonaro a jornalistas, Lula afirmou que, durante seu governo, de 2003 a 2010, houve "um momento de oito anos de pensamento único contra o Lula".
Em seguida, relacionou ao nazismo à cobertura jornalística da TV Globo sobre as mensagens obtidas pelo Intercept e divulgadas pelo site em parceria com outros veículos, como a Folha. Os diálogos colocaram em dúvida a imparcialidade do então juiz Sergio Moro ao expor sua atuação nos bastidores, em parceria com policiais e procuradores na linha de frente das investigações.
"O que a Globo está fazendo com o Intercept, era capaz que o nazismo não fizesse. Ela só teve coragem de citar o Intercept duas vezes: quando o Intercept publicou o nome do Faustão, que acho que tinha dado aula pro Moro, e quando foi citar o nome do Roberto D'Ávila, que tinha trabalhado para arrecadar dinheiro para o meu filme. A Globo não fez sequer matéria contra a fajutice da denúncia do Ministério Público [contra o jornalista Glenn Greenwald, diretor do site]. Então, isso é censura", disse Lula.
Os diálogos dos procuradores da Lava Jato, porém, foram alvo de reportagens do programa Fantástico, da TV Globo, quando da revelação das primeiras mensagens. A denúncia do Ministério Público contra Glenn também foi noticiada pela emissora.
Em nota, a emissora afirma que Lula "deveria se informar melhor antes de fazer afirmações falsas".
"A Globo cobriu amplamente as denúncias do Intercept. A Al-Jazeera pediu em julho do ano passado um levantamento sobre a minutagem da cobertura. No levantamento, a Globo informou que, apenas de 9 de junho a 24 de julho, a emissora publicou uma hora e quarenta e três minutos de reportagens sobre o assunto no JN e no Fantástico --se considerássemos os outros telejornais esse tempo seria muitas vezes maior. E nos meses seguintes continuou publicando as novidades do caso. As reportagens estão disponíveis no Globoplay e qualquer um pode atualizar o levantamento", afirmou.
Sobre o caso da denúncia contra Glenn, a Globo diz que "publicou matéria de sete minutos, com ampla divulgação às críticas a ação do procurador, inclusive um vídeo do próprio Glenn".
A citação do petista ao nazismo ocorre cerca de uma semana após a demissão do secretário de Cultura Roberto Alvim, que em um vídeo copiou um trecho de discurso do ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels.
Indagado se então o comportamento de Bolsonaro em relação à imprensa seria justificável, o petista respondeu que "tem crítica que ele faz que é correta".
"Acho que tem crítica que ele [Bolsonaro] faz que é correta. Dê a ele o mesmo direito que dá aos outros, direito de falar, abra para ele falar. Na greve dos jornalistas de 1979, os donos de jornais descobriram que não precisavam tanto de jornalistas, que poderiam fazer jornalismo sem precisar do jornalista. Agora, o Bolsonaro está provando que é possível fazer notícia sem precisar dos jornais, da televisão. Ele faz por ele mesmo. Aliás, o Trump já fez escola", continuou.
Lula, no entanto, criticou o fato de o presidente privilegiar as redes sociais em detrimento do atendimento à imprensa.
"Eu ainda respeito, marco toda semana uma entrevista. Não acho que é correto um presidente da República se comunicar pelo seu Twitter, um presidente da República tem a obrigação de prestar contas à democracia, atendendo a imprensa. Não aquele cafezinho formal, em que tem um general como porta-voz, que é tudo quase militarizado. Mais do que no tempo dos militares. Marca uma entrevista livre com a imprensa e deixa a imprensa perguntar!"
Sobre as eleições de 2020, Lula falou que o PT "não tem os grandes nomes que já teve na ativa" e que o partido está disposto a fazer alianças políticas. Afirmou ainda que Eduardo Suplicy, que está reunindo assinaturas de apoio à sua pré-candidatura para a Prefeitura de São Paulo, pode surpreender.
Lula deu razão à Fernando Haddad, que disputou as últimas eleições presidenciais e, segundo o ex-presidente, não quer concorrer à Prefeitura de São Paulo novamente. "O Haddad é um quadro muito importante, tem uma tarefa nacional e internacional importante para o PT. Acho que está correto em não querer ser candidato."
O ex-presidente opinou ainda sobre o primeiro ano de Jair Bolsonaro e afirmou que, mesmo quem não votou em Bolsonaro deve entender que "ele é presidente". Para Lula, o atual presidente deveria "parar de falar bobagem" e "ficar dando recado para o seu clube".
"Eu vou ficar sentado na cadeira, dizendo que ele não presta e torcendo para que dê tudo errado? Não. Nós temos que torcer para que estas pessoas governem pensando na maioria do povo brasileiro", afirmou ele.
O petista disse ainda que Bolsonaro pode recuperar sua popularidade nos próximos anos.
"Por isso que eu acho que a gente não tem que ficar perguntando se Bolsonaro cresceu, se ele caiu, ele tem que governar quatro anos, ele foi eleito para cumprir um mandato de quatro anos. E ele que governe com a maior competência possível porque, se for bem, tem o direito a ser candidato à reeleição", completou.(FolhaPressSNG)