31 janeiro 2020

Infecções por novo coronavírus se espalham

Infecções por novo coronavírus se espalham mais rápido, mas matam menos que Sars e H1N1

Passageiros do voo da Air China, vindo de Beijing, desembarcam no aerporto Internacional de Guarulhos, usando mascara de proteção devido ao vírus Coronavírus, nesta quinta feira (30) — Foto: Fepesil/Estadão Conteúdo

Passageiros do voo da Air China, vindo de Beijing, desembarcam no aerporto Internacional de Guarulhos, usando mascara de proteção devido ao vírus Coronavírus, nesta quinta feira (30) — Foto: Fepesil/Estadão Conteúdo 

Sars levou à morte 916 pessoas entre 2002 e 2003. Coronavírus causou a morte de 213 na China até a manhã desta sexta. Já o vírus influenza H1N1 matou 796 somente no Brasil em 2019.

Por Elida Oliveira, G1
Os casos de infecção por coronavírus, conhecido por 2019-nCoV, estão se espalhando mais rápido, mas matam menos do que a Síndrome Respiratória Aguda Grave, SARs-CoV, que causou um surto na China entre 2002 e 2003, e do que o H1N1, vírus que levou a uma pandemia em 2009 e que continua fazendo vítimas.
Desde o primeiro alerta de coronavírus, em 31 de dezembro, até esta sexta-feira (31), o coronavírus já havia matado 213 pessoas na China e infectado 9.720 – taxa estimada de letalidade de 2,19%, segundo autoridades chinesas. Isso significa que, a cada 100 pessoas doentes, 2 morrem. Os dados são estimados porque o número total de infecções ainda é desconhecido.
Já a Sars levou à morte 916 pessoas e contaminou 8.422 durante toda a epidemia (2002 a 2003). A taxa de letalidade é de 10,87%. Isso representa quase 11 mortes a cada 100 doentes. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS).
As duas infecções são causadas por vírus da família "coronavírus", e recebem este nome porque têm formato de coroa.
Se comparados a outro vírus que causa doença respiratória, como o H1N1, o número de pessoas que morrem é maior do que o registrado pelo coronavírus. Em 2019, somente no Brasil, 796 pessoas morreram com H1N1 e 3.430 foram infectados. Ou seja, a gripe matou 23,2% dos pacientes internados no Brasil com sintomas, ou 23 a cada 100 doentes.
Infográfico compara os registros de coronavírus, Sars e H1N1. — Foto: Rodrigo Sanches/G1

No Brasil, os riscos de infecção e morte por coronavírus são ainda menores – são 9 casos suspeitos, todos com sintomas leves, que estão sendo investigados por precaução. Não há nenhuma morte registrada no país.
Situação do coronavírus até a manhã desta sexta-feira (31)
·         213 mortes na China
·         9.720 casos suspeitos na China
·         Outros 20 países têm mais de 100 pacientes infectados
·         Reino Unido confirmou o primeiro caso de coronavírus
·         9 casos suspeitos no Brasil até 7h de sexta (31)
·         Testes da vacina devem começar em junho
Nesta quinta-feira (30), a OMS declarou emergência de saúde pública internacional para o coronavírus – não pelo que ocorre na China, mas pelo avanço da doença em outros países. Até a manhã desta sexta, há registros de coronavírus em 20 países, além da China. Todas as mortes, no entanto, ocorreram em território chinês.
De acordo com a OMS, a maioria dos infectados com o novo coronavírus desenvolve sintomas semelhantes aos da gripe, e cerca de 20% progride para doenças mais graves, como pneumonia e insuficiência respiratória.

H1N1: maior letalidade, menor apelo

A gripe provocada por H1N1 chegou a causar mais de 2 mil mortes no Brasil, segundo Bellei, ano em que houve o pico da doença e a OMS declarou pandemia. Ela destaca que, ainda hoje, o vírus continua a infectar pessoas durante o inverno.

De acordo com o Ministério da Saúde, somente em 2019 houve 3.430 casos de H1N1 no país e 796 pessoas morreram – letalidade de 23,2%. Os números são semelhantes ao ano anterior, 2018, quando houve 3.880 casos e 917 mortes – letalidade de 23,63% – e muito maiores, se comparados aos dados do coronavírus.
"Todo ano morre bastante gente por H1N1 no país, uma doença que é conhecida, tem controle, mas ainda tem gente que não quer tomar vacina", afirma Bellei.

Coronavírus no Brasil

Bellei afirma que o momento é de vigilância no Brasil. O mais recente balanço do Ministério da Saúde sobre coronavírus no Brasil apontou que há suspeita de 9 casos da doença. Eles estão em Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (2), São Paulo (3), Paraná (1) e Ceará (1).
"O que a OMS fez foi um alerta. Isso significa que os países devem intensificar a vigilância e o isolamento [de pacientes com sintomas suspeitos]'. Não é uma pandemia", afirma. Pandemia é o termo para doenças infecciosas que se espalham entre continentes e têm transmissões internas, sem que os pacientes tenham viajado. "Não significa que todo mundo vai morrer", afirma Bellei.
Para Bellei, os casos suspeitos de coronavírus na China podem ter, em parte, pacientes com gripe. Ela afirma isso porque, entre os seis casos suspeitos descartados no Brasil, havia pacientes que estiveram na China, apresentaram sintomas respiratórios, foram submetidos a análises e os exames indicaram influenza, o que mostra que o vírus da gripe está circulando na China neste período de inverno no hemisfério norte.
"Muitos destes pacientes suspeitos da China podem estar com gripe ou virose, e não coronavírus. Com o tempo, a taxa de letalidade pode até cair e muitos casos serem descartados", estima.

Máscaras

O uso de máscaras é recomendado para profissionais de saúde, pacientes com suspeita de ter coronavírus e familiares e cuidadores que têm contato com esses enfermos, afirma Bellei.

Mas, segundo ela, não é necessário que todos tenham "uma máscara no bolso".
"Em um ambiente externo, dificilmente você terá uma infecção. O ar está circulando, as gotículas com o vírus vão eventualmente ressecar. Neste momento, todo mundo ter uma máscara no bolso não adianta", afirma.

Recomendações

Os especialistas recomendam a “etiqueta respiratória” para evitar a transmissão: cobrir a boca com a manga da roupa ou braço em caso de tosses e espirros e sempre lavar as mãos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que os serviços de saúde adotem protocolos de prevenção antes, durante e depois da chegada do paciente, com desinfecção e ventilação de ambientes.
Para quem trabalha em pontos de entrada no país, como aeroportos e fronteiras, é recomendado o uso de máscaras cirúrgicas.
Caso haja algum caso suspeito em aviões, navios e outros meios de transporte, é recomendado usar máscara cirúrgica, avental, óculos de proteção e luvas. A inspeção de bagagens deve ser feita com máscara cirúrgica e luvas.


Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1

Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Ciclo do novo coronavírus - transmissão e sintomas — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1

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