HU-UFMA realiza técnica inédita no MA para transplante de córnea
Técnica consiste na substituição apenas das camadas posteriores danificadas
O HU-UFMA é o maior centro formador de recursos humanos para a rede de saúde no Maranhão. (Foto: Reprodução)
SÃO LUÍS - Na tarde da última sexta-feira (20), o Hospital Universitário
da UFMA, por meio do Centro Oftalmológico, realizou uma técnica inovadora de
transplante de córnea, configurando-se como o primeiro hospital do Maranhão a
realizar esse tipo de cirurgia. Trata-se da técnica Ceratoplastia endotelial
com desnudamento da Descemet (DSEK), que consiste na substituição apenas das
camadas posteriores danificadas, nesse caso representadas pelo endotélio, pela
membrana de descemet e um pouco do estroma, ao invés de substituir toda a
espessura da córnea.
As cirurgias foram realizadas pelo oftalmologista convidado, Lauro
Padilha, chefe do setor de córnea da Escola Paulista de Medicina e professor do
Departamento de Oftalmologia da UNIFESP, que veio ao hospital com o objetivo de
treinar a equipe. Participaram dos procedimentos, os cirurgiões especialistas
em córnea e preceptores da residência em oftalmologia, Bonifácio Júnior e
Roberta Jansen, esta última também responsável técnica do Banco de Olhos do
HU-UFMA.
Foram realizadas duas cirurgias, ambas em pacientes do sexo masculino,
um de 72 e outro de 66 anos, com o mesmo diagnóstico, ceratopatia bolhosa,
enfermidade causada pelo edema da córnea decorrente da falha do endotélio
corneano em manter o estado normal de desidratação da córnea. A córnea é um
tecido transparente que fica na parte frontal do olho. Além de fina, a córnea
também é um tecido resistente e por isto uma de suas funções é proteger a parte
da frente do olho de agentes externos.
Os nove residentes da área acompanharam de perto a execução da técnica.
O HU-UFMA é o maior centro formador de recursos humanos para a rede de saúde no
Maranhão, e a formação desses profissionais está alicerçada em diretrizes que
incorporam a atuação profissional às atividades integradas de assistência,
ensino e pesquisa.
A técnica utilizada é minimamente invasiva e reduz a possibilidade de
complicações no momento em que o globo ocular está aberto, tornando a cirurgia
mais segura. O tempo de recuperação do paciente é bem mais rápido, apenas um
mês se comparado com a técnica de transplante penetrante (remoção total da
córnea), a mais utilizada em todo o Brasil, inclusive no HU-UFMA. Nesta última,
se estima um tempo de recuperação inicial de três meses que se finaliza com 12
meses.
O oftalmologista do HU-UFMA, Bonifácio Júnior, reforça os benefícios
dessa técnica. “Como não há necessidade de suturas, o grau se estabiliza de
forma mais rápida, o processo é menos traumático para o paciente. A rejeição é
menor por se tratar da remoção apenas das camadas danificadas”.
A médica Roberta Jansen acrescenta que, por se tratar de um transplante
com incisão pequena, as chances de hipertensão intraocular que podem levar a
perda do olho ou glaucoma diminuem. “Com essa técnica temos menos complicações
intra-operatórios e pós-operatórios e o paciente tem uma recuperação mais
precoce. A córnea é formada por cinco camadas, dependendo do diagnóstico do
paciente é possível realizar o procedimento retirando apenas o que está
comprometido e tentando preservar as demais partes. Essa capacitação é
justamente para entendermos como essa técnica funciona”.
O oftalmologista da Escola Paulista de Medicina, Lauro Padilha,
agradeceu a oportunidade de visitar a instituição, conhecer de perto o trabalho
desenvolvido aqui e poder contribuir com o aprimoramento da equipe. “É um
prazer poder difundir novas técnicas, principalmente por se tratar de um
hospital escola, que tem muito forte o princípio da capacitação profissional. E
claro, que com isso, os maiores beneficiados são os pacientes. ”
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