01 novembro 2018

SEPER MINISTRO MORO

Moro aceita convite e será ministro da Justiça de Bolsonaro

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio 01/11/2018 - 11h00 > Atualizada 01/11/2018 - 11h53

O juiz federal Sergio Moro, que comanda as ações penais da Operação Lava Jato em Curitiba, aceitou o convite e será o futuro ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL). O juiz se reuniu na manhã deste quinta-feira (1º) com presidente eleito e, depois de deixar a residência, divulgou nota em que afirma que se sente honrado com o convite e que pretende, como ministro, "consolidar os avanços contra o crime e a corrupção".

Batizado de "superministério", a pasta vai somar as estruturas da Justiça, Segurança Pública (inclusive a Polícia Federal), Transparência e Controladoria-Geral da União, além do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), este último hoje ligado ao ministério da Fazenda.

Moro informou que deve "desde logo" se afastar de novas audiências da Lava Jato, para evitar o que chamou de "controvérsias desnecessárias". No ano passado, Moro condenou em primeira instância o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário político de Bolsonaro que está preso desde abril desse ano, por ordem do juiz federal.

A reunião entre os dois e o economista Paulo Guedes e durou cerca de uma hora e meia. "Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura", escreveu Moro.

No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão. Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior

Sergio Moro, em nota em que aceita convite para o Ministério da Justiça

O magistrado informou ainda que concederá entrevista coletiva na próxima semana, para dar maiores detalhes. O comunicado é assinado de Curitiba, apesar de Moro ainda estar no Rio de Janeiro.

Leia a íntegra da nota de Sergio Moro:

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.

Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes. Curitiba, 01 de novembro de 2018. Sergio Fernando Moro"

Logo após o juiz confirmar que aceitou o convite, Bolsonaro usou sua conta no Twitter para dizer que "respeito à Constituição e às leis será o nosso norte!".

Como foi a visita de Moro a Bolsonaro

Moro deixou em silêncio a casa do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), após reunião. Ao deixar a casa, o magistrado não comentou o convite para assumir o Ministério da Justiça, que abarcaria ainda as áreas de segurança e de combate à corrupção.

O futuro ministro chegou e saiu do condomínio onde Bolsonaro mora, na Barra da Tijuca, na zona oeste, em um carro da Polícia Federal. O encontro durou cerca de 1h30. Com segurança reforçada, ele evitou contato com a imprensa e com os populares que se aglomeravam em frente à propriedade. O magistrado voltará para Curitiba ainda nesta tarde.

Na quarta-feira (30), Bolsonaro havia afirmado, pelo Twitter, que todos os ministros seriam anunciados por ele próprio, nas redes sociais. Além de Moro, foram confirmados quatro nomes: Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a chefia da Casa Civil; general Augusto Heleno (PRP-DF) para a pasta da Defesa; Paulo Guedes para a Economia; e o astronauta Marcos Pontes para a Ciência e Tecnologia.

Ian Cheibub/FolhapressO juiz Sergio Moro deixa casa de Bolsonaro após aceitar ministérioMoro chegou ao condomínio por volta das 9h. No voo que o levou de Curitiba ao Rio, o juiz disse que havia "uma possibilidade" de aceitar o convite.

O juiz foi citado por Bolsonaro em entrevistas à imprensa como o nome ideal para assumir a pasta no dia seguinte à eleição. O vice do presidente eleito, general Hamilton Mourão (PRTB), porém, disse que a primeira abordagem aconteceu ainda durante a campanha.

Interesse em vaga no STF

Na cúpula da campanha, a expectativa era alta de que Moro aceitasse o "superministério". Segundo uma fonte próxima a Bolsonaro, o plano é que ele assuma uma pasta no governo para depois ser indicado pelo presidente para a próxima vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).

O decano da Corte, ministro Celso de Mello, terá que deixar o posto compulsoriamente em 2020, mas outro ministro pode se aposentar antes, se assim quiser. Circula no entorno de Bolsonaro, inclusive, a informação de que o compromisso com o juiz federal se estende ao vice, general Hamilton Mourão (PRTB), que assumiria o Palácio do Planalto em caso de impedimento ou morte do presidente.

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